sábado, 10 de novembro de 2012

Perfume




Os sacerdotes egípcios faziam um grande uso de perfumes para homenagear as divindades. Para eles a vida terrena era apenas uma pequena parte de toda a existência e servia para preparar a viagem ao além, até o encontro com os deuses. Por isso, os corpos dos defuntos deviam ser conservados o mais íntegros e fragrantes de aromas possível.


A mumificação consistia na retirada do cérebro e das vísceras dos mortos, para serem substituídas por estopas impregnadas de perfume e depois untadas com açafrão – uma substância a base de carbonato de sódio – e finalmente envolto em tiras impregnadas de uma resina com propriedades antiparasitárias.
Em Tebas, havia um local inteiro reservado á mumificação, chamado Memnônia. De lá, um cortejo de sacerdotes transportava o sarcófago com o corpo embalsamado até a tumba, que ficava localizada na outra margem do rio Nilo.


Durante o trajeto, eles queimavam resinas perfumadas que simbolizavam o sopro da vida imortal. Quando chegavam no túmulo, a múmia era recoberta com ungüentos aromáticos, sua cabeça era coberta com flores e folhas e ao seu lado depositavam-se objetos cotidianos como pertences e presentes que lhe podiam ser úteis no além-túmulo. Entre os presentes havia caixas e vasos com ungüentos sagrados, cosméticos e perfumes.

Reflexologia





A reflexologia podal é uma técnica antiga de tratamento por pressão que envolve a aplicação de pressão focalizada sobre pontos “reflexivos”, localizados nos pés, os quais correspondem a determinadas áreas do nosso corpo.
 Não se sabe ao certo quão antiga é esta técnica, no entanto, existem alguns fatos que apontam para a sua utilização pelos Egípcios, há cerca de 5000 anos atrás:

 

 *    Uma gravura encontrada num dos templos construídos por Ramses II,  aponta para um tratamento de massagem efetuado aos pés cansados dos soldados, no decorrer das longas caminhadas a caminho da batalha de Qadesh;

*     Uma gravura encontrada no túmulo do médico Ankhmahor, em Saqqara, no Egipto,  sugere uma massagem aos pés e às mãos, na qual encontramos uma inscrição com a exclamação de um paciente: “Não me faças doer.”; e a resposta do terapeuta que diz: “Atuarei de forma a agradar-te”.

  *   O túmulo de Ptah-hotep contém mais uma magnífica gravura em baixo relevo, que mostra um escravo a massagear as suas pernas e pés.


*   Relatos históricos confirmam que Marco António massageava os pés de Cleópatra nos jantares festivos.



Acredita-se que a reflexologia terá sido passada, pelos Egípcios, aos Romanos e daí até aos nossos tempos, sofrendo uma série de mutações que a transformaram nas técnicas utilizadas hoje em dia.




“Ele encontrou-a enquanto ela dormia na beleza do seu palácio. Ela acordou com a fragrância do deus, a qual já tinha cheirado na presença de sua majestade. Ele dirigiu-se para ela imediatamente, “coivit cum ea”  (deitou-se com ela), impôs-lhe o seu desejo e provocou que ela o visse na sua forma de deus. Quando ele lhe apareceu, ela rejubilou perante a sua beleza e o seu amor passou para os seus membros, inundados pela fragrância do deus; todos estes odores provinham de Punt”

J.H.Breasted, Antigos relatos do Egipto, parte 2, capítulo 196

Kyphi




O mais velho de todos os perfumes do Antigo Egito é o "Kyphi”. Kyphi foi o mais sagrado de todos os perfumes usados nos atos religiosos e todas as noites era oferecido pelos sacerdotes em seus templos. Era um incenso feito de mel, vinho, mirra, passas, zimbros, folhas de figueira, trevo, cardamomo, azedinha, cálamo galange, breu e Aspalathus.



Cremes anti-rugas




Os tratamentos anti-rugas eram bastante comuns no antigo Egito, como nos sugerem as diversas formulações contidas nos papiros médicos.

As rugas tratavam-se com aplicações diárias de uma mistura de incenso, cera de abelhas, óleo de Moringa, e frutos verdes de cipreste (Ebers, 716). A receita termina com a inscrição: “prova-o e verás!”.


Outra receita era composta por pó de goma dissolvido numa substância, não totalmente identificada, chamada água de padou (talvez mel e um óleo vegetal). O resultado era um líquido viscoso que se aplicava sobre o rosto, depois da lavagem. Ao que parece, produzia o efeito de “esticar a pele do rosto” (Ebers, 719), que tem algum paralelismo com os modernos “gommages”.

Cremes Corporais





Os Egípcios dispunham de uma grande variedade de cremes corporais, nos quais, como já referimos, utilizavam uma diversidade de óleos. Entre os mais comuns, destacam-se: óleo de linho, sésamo (Sesamum indicum), óleo de rícino (Ricinus communis), óleo de Balanos (Balanites aegyptiaca), óleo de amêndoa de Moringa (Moringa pterygosperma), óleo de oliva (Olea europea) e óleo de amêndoas. Os óleos animais, que também se utilizavam nestes unguentos, derivavam geralmente do gado bovino e dos gansos. Segundo a tradição, Cleópatra banhava-se, diariamente, em leite de burra. O leite de vaca e de mulher, eram usados como remédios terapêuticos (Ebers, 642) e o leite coalhado era usado, topicamente, em produtos cosméticos, sendo rico em ácido lácteo e alfa-hidroxiácidos, muito utilizados na actualidade na indústria cosmética. Tornou-se lendário o chamado, unguento de Mendes, ao qual se referiam Plinio e Dioscórides, e que era muito apreciado, exportando-se para a Grécia e Ásia menor. Ao que parece, era um unguento de complexa composição e que, provavelmente, poderia ser confeccionado de diversas formas, tendo uma delas sido descrita por Plinio como contendo: Óleo de Balanos, resina, mirra, óleo de azeitonas verdes, cardamomo, mel, vinho, gálbano e resina de turpertina. Este composto utilizava-se como creme corporal, depois do banho. Um outro unguento corporal, “para rejuvenescer e devolver a vida”, consistia num extracto de banha de porco e de boi, juntamente com diversas outras substâncias: incenso, cera de abelha, óleo de enebro e sementes de coriandro, que após aquecido, era aplicado sobre o corpo, realizando-se fricções com mirra, após a sua aplicação (Ebers, 652).

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Meretseger



Meretseger - A Deusa Que Gosta do Silêncio! 
Como todos os deuses do Antigo Egito, repleta de metáforas e dos mais altos simbolismos - mistérios somente compreensíveis e ao alcance dos mais Altos Iniciados.
Poucos sabem, mas Meretseger, também conhecida como a sacrossanta Deusa do Ocidente (ou "a terra dos mortos" para os egípcios) era a contraparte do deus chacal Anúbis, o guardião das tumbas e, por sua vez, igualmente a protetora da Necrópole. Encimando as tumbas do Vale dos Reis, local de repouso dos faraós, existe essa pequena pirâmide, cuja guardiã era justamente ela, a Deusa Que Gosta do Silêncio - a poderosa Meretseger!

E muito embora ignorado pela Arqueologia, existe ali um santuário - um oratório, dedicado a Meretseger, a Dama do Silêncio!

Lendas do antigo Egito



Vede que míseras as esperanças humanas ante a ordem do mundo, vede que míseras são elas, ante as sentenças escritas no céu em signos de fogo pelo Sempiterno!...

O centenário Ramsés, poderoso senhor do Egito, agonizava. Sobre o peito do soberano, a cuja voz milhões tremeram por meio século, abateu-se um sufocante fantasma e bebia-lhe o sangue do coração, a força do braço e por instantes até a lucidez do cérebro. Jazia o grande faraó, como um cedro derrubado, na pele de um tigre da Índia, com as pernas cobertas pelo manto triunfal do rei dos etíopes. E severo mesmo consigo próprio, chamou o mais sábio dos médicos do templo em Karnak e disse:


– Sei que conheces remédios potentes, capazes ou de matar, ou de curar de uma vez. Avia-me um deles, adequado a minha enfermidade, e que afinal tudo venha a termo... quer de um modo, quer de outro.

O médico hesitou.

– Pensa, Ramsés – murmurou – que desde o dia em que desceste dos altos céus o Nilo já teve cem cheias; acaso posso dar-te um remédio que fora incerto até para o mais jovem de teus guerreiros?

Ramsés quase põe-se sentado no leito.


– Devo estar deveras enfermo – clamou – para que tu, sacerdote, te atrevas a aconselhar-me! Cala e cumpre o que ordenei. Vive seu trigésimo ano de vida meu neto e sucessor, Horus. E o Egito não pode ter um senhor incapaz de montar sua carruagem e de erguer sua lança.

Quando o sacerdote estendeu-lhe na mão trêmula o terrível remédio, Ramsés bebeu-o tal como o sedento bebe um caneco com água; depois chamou ao pé de si o mais célebre astrólogo de Tebas e ordenou que declarasse sinceramente o que mostravam as estrelas.

– Saturno entrou em conjunção com a lua – respondeu o sábio – o que augura a morte de um membro de tua dinastia, ó Ramsés. Fizeste mal em beber hoje o remédio, porque são debalde os planos dos homens em face das sentenças escritas no céu pelo Sempiterno.

– É natural que as estrelas hajam anunciado minha morte – retrucou Ramsés. – E quando isto há de suceder? – voltou-se para o médico.


– Antes de nascer o sol, ó Ramsés, ou estarás sadio como um rinoceronte, ou teu sagrado anel haverá de achar-se na mão de Horus.

– Levai – disse Ramsés em voz já mais baixa – Horus ao salão dos faraós; que espere lá minhas últimas palavras e o anel, para que não haja interrupção no exercício do poder.

Horus chorou (tinha o coração repleto de piedade) a morte iminente do avô; mas como não podia haver interrupção no exercício do poder, encaminhou-se ao salão dos faraós, cercado por numerosa grei de criados.


Sentou-se na sacada cuja escadaria de mármore levava até embaixo, no rio, e cheio de indefinidas tristezas quedou-se a fitar os arredores.

Naquele exato momento a lua, junto da qual brilhava o astro funesto de Saturno, dourou as águas do Nilo, nos campos e jardins pintou as sombras das gigantescas pirâmides e algumas milhas em torno iluminou todo o vale. Embora fosse tarde da noite, nas choças e edifícios ardiam lâmpadas, sob o céu aberto o povo saíra das casas. Pelo Nilo deslizavam barcos, muitos, como em dia de festa; nos bosques de palmeiras, às margens da água, nos mercados, nas ruas e nas cercanias do palácio de Ramsés ondulava uma incontável multidão. E não obstante isso era tamanho o silêncio que até Horus adejava pelo ar o sussurro dos juncos e o uivo queixoso das hienas à cata de alimento.


– Por que se juntam assim? – interrogou Horus um dos cortesãos, apontando a imensa extensão semeada de cabeças humanas.

– Querem saudar em ti, senhor, o novo faraó e ouvir de tua boca sobre as benesses que lhes destinarás.

Neste momento pela primeira vez golpeou o coração do príncipe o orgulho da grandeza, tal como golpeia a escarpada orla o mar que avança sobre ela.

– E aquelas luzes, que significam? – indagou ainda Horus.

– Os sacerdotes foram à tumba de tua mãe, Zéfora, para trazer seus restos mortais às catacumbas do faraó.

No coração de Horus despertou de novo o pesar pela mãe, cujos restos – em razão da misericórdia que demonstrou pelos escravos – o severo Ramsés mandou sepultar entre a escravaria.


– Ouço o relinchar de um cavalo – disse Horus escutando. – Quem sai a esta hora?

– O chanceler, senhor, ordenou enviar mensageiros em busca de teu mestre, Iétron.

Horus suspirou à lembrança do querido amigo, a quem Ramsés exilou do país por haver inculcado na alma do neto repulsa pelas guerras e piedade para com o povo oprimido.

– E aquela pequenina luz para além do Nilo?...

– Com aquela luz – ó Horus! – respondeu o cortesão – saúda-te confinada no claustro a fiel Berenice. O sumo sacerdote já mandou até ela a embarcação do faraó; e quando o sagrado anel fulgir em tua mão haverão de abrir-se as pesadas portas do claustro e haverá ela de retornar a ti, saudosa e amorosa.

Ao ouvir tais palavras Horus já não perguntou nada; calou-se e cobriu os olhos com a mão.

De súbito gemeu de dor.

– Que tens, Horus?


– Uma abelha mordeu-me a perna – respondeu o príncipe empalidecido.

O cortesão, sob a luz esverdeada da lua, examinou-lhe a perna.

– Agradece a Osíris – disse – por não ter sido uma aranha, cujo veneno a esta hora sói ser fatal.

Oh! Que míseras as esperanças humanas ante as sentenças irrevogáveis...

Neste ínterim entrou o comandante dos exércitos e, inclinando-se perante Horus, disse:

– O grande Ramsés, sentindo que o corpo se lhe arrefece, enviou-me a ti com a ordem: “Vai até Horus, porque não demorarei neste mundo, e cumpre sua vontade como cumpriste a minha. Ainda que te ordene entregar o alto Egito aos etíopes e celebrar com tais inimigos fraterna aliança, faze-o tão logo vejas meu anel em sua mão, porque pela boca dos soberanos fala o imortal Osíris.”

– Não entregarei o Egito aos etíopes – disse o príncipe – mas celebrarei a paz, porque me compadeço do sangue de meu povo; escreve já o édito e tem à mão mensageiros montados, para que ao queimar dos primeiros fogos em minha honra ponham-se a caminho do sol do sul e portem consigo essa graça aos etíopes. E escreve ainda um segundo édito, para que desta hora até o fim os tempos não se arranque mais à boca de nenhum refém sua língua em campo de batalha. Assim o disse...

O comandante quedou-se de rosto voltado para o chão e depois recuou para escrever as ordens; o príncipe, por sua vez, instou para que o cortesão lhe examinasse de novo a ferida, pois doía muito.


– Sua perna inchou um pouco, ó Horus – disse o cortesão. O que não sucederia se ao invés de uma abelha uma aranha te mordesse!...

Entrou então no salão o chanceler do reino e, após inclinar-se perante o príncipe, disse:

– O poderoso Ramsés, vendo que sua vista já se eclipsa, enviou-me a ti com a ordem: “Vai até Horus e cumpre cegamente sua vontade. Ainda que te ordene livrar dos grilhões os escravos e agraciar o povo com toda a terra, hás de empreendê-lo quando avistares em sua mão meu sagrado anel, pois pela boca dos soberanos fala o imortal Osíris.”

– Tão longe não vai meu coração – afirmou Horus. – Mas redige de pronto um édito que diminua pela metade o foro e os tributos pagos pelo povo e que os escravos tenham três dias livres de trabalho durante a semana e só sejam surrados a vara no lombo havendo decisão em juízo. E redige ainda um édito revogando o exílio de meu mestre, Iétron, que é o mais sábio e o mais nobre dos egípcios. Assim o disse...


O chanceler quedou-se de rosto para o chão, mas antes mesmo que saísse para redigir os éditos requeridos, entrou o sumo sacerdote.

– Ó Horus – disse – a qualquer instante o grande Ramsés há de partir para o reino das sombras e seu coração há de ser pesado na infalível balança de Osíris. Quando porém o sagrado anel dos faraós fulgir em tua mão, ordena e ouvir-te-ei, ainda que devas derrubar o maravilhoso templo de Amon, porque pela boca dos soberanos fala o imortal Osíris.

– Não hei de derrubar – retrucou Horus – mas sim erguer novos templos e aumentar os recursos da casta sacerdotal. Exijo apenas que redijas um édito determinando o solene traslado dos restos de minha mãe, Zéfora, às catacumbas e um segundo... ordenando a libertação de minha amada Berenice de seu confinamento no claustro. Assim o disse...

– Sabiamente principias – treplicou o sumo sacerdote. – Tudo já está preparado para o cumprimento de tuas ordens e logo redigirei os éditos; quando os tocares com o anel dos faraós, acenderei esta lâmpada a fim de que anuncie ao povo tuas graças e, a tua Berenice, o amor e a liberdade.

Entrou o mais sábio médico de Karnak.

– Ó Horus – disse – não me estranha tua palidez, pois Ramsés, teu avô, agoniza. Não pôde suportar a potência do remédio, que não lhe queria dar, esse soberano dos soberanos. Ficou junto dele apenas o substituto do sumo sacerdote, pois quando vier a falecer há de tirar-lhe o anel da mão e entregá-lo a ti em sinal de ilimitado poder. Mas tu empalideces inda mais, ó Horus?... – acrescentou.


– Examina minha perna – gemeu Horus e caiu na cadeira dourada de braços esculpidos na forma de cabeças de gavião.

O médico ajoelhou-se, examinou a perna e recuou assustado.

– Ó Horus – sussurrou – mordeu-te uma aranha muito venenosa.

– Pois haverei eu de morrer?... em tal momento?... – murmurou, com uma voz quase inaudível, Horus.

E em seguida acrescentou:

– Pode dar-se em breve?... diz a verdade...


– Antes que a lua se oculte por trás desta palmeira...

– Oh não!... E Ramsés há de viver muito ainda?...

– Como hei de saber?... Talvez já te tragam seu anel.

Neste instante entraram os ministros com os éditos concluídos.

– Chanceler! – clamou Horus tomando-o pelo braço. – Se eu morresse agora cumpriríeis minhas ordens?...

– Vive, ó Horus, a idade de teu avô! – respondeu o chanceler. Mas ainda que venhas a achar-te logo depois dele ante o juízo de Osíris, cada édito teu há de ser executado, contanto que o toques com o sagrado anel dos faraós.


– O anel! – repetiu Horus. – Mas onde ele está?...

– Um dos cortesãos disse-me – murmurou o comandante – que o grande Ramsés já exala o último alento.

– Mandei avisar meu substituto – juntou o sumo sacerdote – que imediatamente, assim que o coração de Ramsés cesse de bater, tire-lhe o anel.

– Eu agradeço-vos! – disse Horus. – Como lastimo... ah, como lastimo... Mas enfim, não hei de morrer de todo... Restarão depois de mim as bênçãos, a paz, a felicidade do povo e... minha Berenice reaverá a liberdade... Falta muito ainda?... – perguntou ao médico.

– Tua morte está a mil passos de marcha de um soldado – respondeu com tristeza o médico.


– Não escutais se alguém vem lá?... – interrogou Horus.

Silêncio.

A lua aproximava-se da palmeira e já lhe tocava as primeiras folhas; a fina areia sibilava baixinho nas clepsidras.

– Muito ainda?... – murmurou Horus.

– Oitocentos passos – retrucou o médico – não sei, ó Horus, se conseguirás tocar todos os éditos com o sagrado anel, mesmo que o tragam agora mesmo...

– Dai-me os éditos – disse o príncipe tentando ouvir se alguém não corria dos aposentos de Ramsés. – E tu, sacerdote – disse voltando-se para o médico – diz quanto me resta de vida para que eu possa ratificar ao menos as ordens que me são mais caras.


– Seiscentos passos – murmurou o médico.

O édito de diminuição dos tributos do povo e do trabalho dos escravos caiu das mãos de Horus.

– Quinhentos...

O édito de paz com os etíopes deslizou dos joelhos do príncipe.

– Não vem ninguém?...

– Quatrocentos... – respondeu o médico.

Horus refletiu e... quedou por terra o édito do traslado dos restos de Zéfora.

– Trezentos...


O mesmo destino teve o édito de revogação do exílio de Iétron.

– Duzentos...

Os lábios de Horus arroxearam. Com a mão contraída lançou ao chão o édito que proibia arrancar a língua dos reféns reduzidos a cativeiro e restou apenas... a ordem de libertação de Berenice.

– Cem...

Em meio ao silêncio sepulcral ouviram-se passos de sandálias. Entrou correndo no salão o substituto de sumo sacerdote. Horus estendeu a mão.

– Prodígio!... exclamou o recém-chegado. – O grande Ramsés recobrou a saúde... Ergueu-se vigoroso do leito e ao nascer do sol deseja caçar leões... A ti, entretanto, Horus, como sinal de boas graças, convoca-te a acompanhá-lo...


Horus lançou o olhar que se extinguia para além do Nilo, onde cintilava a luz na prisão de Berenice, e duas lágrimas, sangrentas lágrimas, correram-lhe pelo rosto.

– Não respondes, ó Horus?... – indagou admirado o mensageiro de Ramsés.
– Não vês tu que está morto?... – murmurou o mais sábio médico de Karnak.

Vede que míseras são as esperanças humanas ante as sentenças escritas pelo Sempiterno em signos de fogo no céu.

Abelha



A abelha sempre foi símbolo da realeza. No Antigo Egito dizia-se que esse inseto havia sido gerado a partir das lágrimas de Rá, o deus-sol egípcio. Esta intrigante cultura também embalsamava seus mortos com este fluido universal.  Os sumérios, considerados como a primeira civilização, foram os que pela primeira vez desenharam a abelha e sua dança como algo sagrado.




A 350 a.C. o desenho da abelha foi consagrado como símbolo do Rei. Uma imaginação de um Rei da comunidade das abelhas (na verdade a Rainha). O vestígio que comprova a criação das abelhas está no templo da 5º era dos Faraós (2.500 a.C.). Utilizavam como colméia uma cesta. Também há registro de colméia feita de barro e utilizavam fumaça (queimando esterco de boi), espantando as abelhas para a coleta do mel. Há registro de que a coleta de mel nas margens do rio Nilo, utilizando jangada para subir e descer o rio, continuou até o final do século XVIII.

sábado, 8 de setembro de 2012

A flauta Nay



Também conhecida como Nai, Nye, Nay, Gagri Tuiduk, ou Karghy Tuiduk é o único instrumento de sopro utilizado na musica Árabe. 
Ela é composta de seis furos para os dedos, um furo para o dedão localizado na parte de baixo da flauta e sua embocadura é parecida com a da Quena.
O uso das flautas Nay pelos Egípcios datam de muitos mil anos AC e podem ser vistos desenhos de músicos tocando a Nay dentro das Pirâmides, isso a torna um dos instrumentos mais antigos ainda em uso.
Seu nome deriva da palavra Persa (Ney), que designa um tipo de Bambu encontrado na região mediterrânea.
O desenvolvimento da flauta Nay esta intimamente ligada à cultura Islâmica, onde além de um instrumento popular também é considerada e usada como um sério e sagrado instrumento ritualístico, isso é muito expressivo, pois ela é usada não só no dia a dia, mas também na musica clássica, em rituais de busca por inspirações místicas dos Dervishes, Sufís e iniciantes de varias ramificações Islâmicas incluindo Dervishes de danças circulares da Turquia.
Os Sufis e Desvishes na Turquia e Iran usam o som da Nay para induzir estados de êxtase desde o século 11.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Esmalte



O esmalte já integrava o cotidiano da realeza do Antigo Egito. Por volta de 3500 a.C., as mulheres egípcias aplicavam uma tintura de henna preta nas unhas.
Inicialmente a realeza usava dourado ou prateado mas, conforme o tempo foi passando, essas cores mudaram para preto e vermelho.
 As cores mais vibrantes ficavam relegadas ao uso da família real e chegavam a despertar algumas preferências entre as rainhas do Egito. Cleópatra tinha uma clara preferência pela tonalidade vermelho-escura. Já Nefertiti tinha mais gosto pelo esmalte de tom rubi.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Dança da Espada ou Punhal



Existem várias lendas para a origem da dança da espada. Uma delas diz que é uma dança em homenagem à Deusa Neit, uma deusa guerreira egípcia. Ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura de caminhos. Outra lenda diz que esta dança surgiu nas tabernas onde os soldados iam descansar após um dia de luta. Então as mulheres da casa pegavam nas suas espadas e dançavam para sua diversão. Uma outra lenda diz que na antiguidade as mulheres roubavam as espadas dos guardiães do rei para dançar.

Flamingo



O flamingo é uma Ave belíssima, com uma graça e cores únicas ,pernalta e corpulenta de bico poderoso e beleza inconfundível  , suas penas chamam bastante atenção em função de sua coloração. Suas plumas são em tons rosados e vermelhos em função de sua alimentação.


Essa ave costuma se alimentar de pequenos crustáceos, plâncton, insetos e moluscos. A sua cor é explicada por essa alimentação que é rica em carotenóides, substância que proporciona essa coloração.

Desde os tempos mais remotos o flamingo tem sido admirado por sua bela e delicada silhueta. Gravuras de flamingos, com seu característico pescoço alongado, foram entalhadas em rocha e podem ser vistas em hieróglifos egípcios. A exótica ave era tão admirada que os egípcios a reverenciavam como a encarnação do deus Rá. Desenhos primitivos nas cavernas também retratam o flamingo com seu pescoço delgado e arqueado, e pernas finíssimas e elegantes.

segunda-feira, 30 de julho de 2012



A andorinha canta: «Aurora,
Para onde se foi a aurora?»



Assim se vai também a minha noite feliz
O meu amor na cama ao meu lado.

Imagine-se a minha alegria ouvindo o seu murmúrio:
«Jamais te deixarei», disse-me.
«Com a tua mão na minha passearemos
Por todos os mais belos caminhos».
·Demais a mais ele quer que o mundo saiba
Que de entre todas as mulheres sou a primeira
E que o meu coração nunca mais há-de ficar triste.

Poemas de Amor do Antigo Egito

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Snujs



Estes pequenos, mas importantes, acessórios utilizados na dança do ventre, tem recebido muitos nomes a medida que ficam mais populares. No Oriente Médio são chamados de sagats (nome em árabe) y zill (em turco). No Chile recebem o nome de crótolos, na Argentina são chinchines, e em inglês são finger cymbals.


Os snujs eram também um instrumento muito usado pelas Gawazees – mulheres de povos nômades provenientes da Índia, que se instalaram no Cairo - nas praças públicas para entreter o público. Também encontramos snujs dentre a maioria de peças folclóricas libanesas e egípcias.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Poemas do antigo Egito




I
Vem depressa para junto do teu amor,
Como o mensageiro real obedecendo à
Impaciência do seu amo - quer dizer, se
se acreditar, num mensageiro real.
Vem depressa,
Tens toda a coudelaria à disposição,
A carruagem pronta.
Nem o mais impetuoso dos cavalos
- Quando a encontrares -
Se aproximará da velocidade do teu coração.
II
Traz o teu ímpeto
À casa da tua amada,
Tu que és o orgulho da coudelaria do rei,
Escolhido de entre uma centena de puros-sangues,
Treinado com ração especial,
Que partes em galope sem igual
à mera menção da palavra estribo,
Sem mesmo o treinador
(Que é hitita)
Poder segurar-te.
Como ele conhece bem o coração dela
A que há-de ficar sempre ao seu lado.



III
Vem como a gazela do deserto
Obrigada a ziguezaguear em nervosa pressa
Atravessando os trilhos e voltando
Com medo do ganido dos cães e do caçador;
E que finalmente se decide por uma veloz linha recta
Com um olho no lugar deixado.
Estás a salvo dentro da casa da amada
Beijando-lhe as mãos, fazendo-lhe
A sincera proclamação do teu amor,
Fazes tudo isto
Tudo isto no interior da grande e pré-concebida organização
Da deusa do oiro

Faraó Tutankhamon




O Faraó Tutankhamon, morto aos 19 anos, não foi importante em vida. Mas na morte, passados três mil anos, tornou-se o mais famoso de todos os faraós. Seu túmulo foi o único descoberto em condições próximas às originais.


A câmara mortuária continha desde cestas de frutas e guirlandas de flores que ainda mantinham as cores, uma cama dobrável, uma caixa de brinquedos  e até quatro carruagens totalmente revestidas em ouro. De fato, o ouro predominava na decoração: sofás em ouro, trono dourado, paredes de ouro, um caixão de quase dois metros de ouro maciço, além da hoje famosa máscara mortuária cobrindo o rosto da real múmia.


A máscara, fruto de um trabalho de grande habilidade na ourivesaria, oferece um retrato idealizado do faraó, com traços que revelam o legado artístico da época de Akhenaton, já terminada, mesmo sendo tratados com maior equilíbrio e elegância, como no caso dos olhos, muito afilados, e dos lábios com o perfil carnoso. Tutankhamon usa os tradicionais símbolos da realeza: o véu nemes, cujas estrias são representadas com marchetaria de lápis-lazúli em ouro maciço, a imagem da naja e do abutre na testa (símbolo das deusas Uadjet e Nekhbet, senhoras do Egito unificado) e a barba postiça que equipara o soberano às divindades.


Detalhes da máscara mortuária:








A naja e o abutre, que se erguem ameaçadores na testa do soberano para protegê-lo dos inimigos, são feitos com uma série de pedras duras e massas vítreas coloridas encaixadas no metal precioso. O longo e sinuoso corpo da naja, em ouro maciço desenrola-se acima do nemes com extremo realismo.








Os olhos, contornados de azul como as sobrancelhas, são feitos com marchetaria usando a obsidiana (para a íris) e o quartzo (para a órbita). Um pequeno toque de vermelho nos cantos dos olhos garantem, ao olhar fixo do jovem soberano, uma inesperada sensação de realismo.






O colar é formado por doze voltas de pequenas pérolas policromadas, das quais a mais externa imita pingentes em formato de gota. O fecho evoca duas cabeças de falcão apoiadas sobre os ombros. A parte posterior da máscara, na altura do dorso, apresenta um longo texto hieroglífico gravado no ouro , que coloca de maneira  ideal os membros do faraó sob a proteção de outras divindades.







Strickland, Carol. A Arte Comentada, da Pré-História ao Pós Moderno.  Coleção Folha. Grande Museus do Mundo, Texto Silvia Einaudi. p. 80-1.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Polenta



A palavra polenta vem do latin pollen que significa flor de farinha. Considerado um dos alimentos mais antigos do Império Romano, a polenta surgiu há seis mil anos, no Egito.
Na verdade, não é a polenta que hoje conhecemos. Os primeiros cozimentos eram preparados pelos egípcios com grãos esmigalhados de fava ou farro (um cereal semelhante ao trigo, porém mais consistente).

Farol de Alexandria



Considerada uma das maiores produções da técnica da Antiguidade, o Farol de Alexandria foi construído em 280 a.C. pelo arquiteto e engenheiro grego Sóscrato de Cnido a mando de Ptolomeu.

Sobre uma base quadrada erguia-se uma esbelta torre octogonal de mármore com cerca de 130 metros de altura, que por mais de cinco séculos guiou todos os navegantes num raio de 50 quilômetros da antiga capital egípcia. Situava-se na ilha de Faros (origem do termo farol), próxima ao porto de Alexandria, no Egito.

Em seu interior ardia uma chama que, através de espelhos, iluminava a grande distância . A luz refletida chegava a 50 quilômetros, daí a grande fama e imponência daquele farol, que fizeram-no entrar para a lista das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

Essa obra, feita toda em granito, começou a ruir no Século XIV, em 1303 e 1323 quando terremotos e deslizamentos tragaram boa parte de Alexandria, acabando com o brilho da “Cidade dos Mil Palácios”.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Tamareira



A tamareira, árvore egípcia tradicional desde a época dos faraós, demora de 150 a 200 anos para dar seu primeiro fruto. Significa que se você plantar hoje uma tamareira, provavelmente só o seu tataraneto colherá a primeira tâmara.

quarta-feira, 11 de julho de 2012



“Eu respiro o doce sopro,
Que sai da tua boca;
Eu vejo tua beleza, todo o dia;
É meu desejo ouvir a tua doce voz,
Semelhante ao vento do norte;
De sentir meus membros revigorados,
Pela tua vida e pelo teu amor.
Dá-me tuas mãos,
Que seguram teu espírito,
Que eu possa receber,
E viver por meio dele.
Chama meu nome à Eternidade,
E ele não perecerá jamais.”

Akhenaton

Lira


A lira é o instrumento de cordas mais antigo conhecido pelo homem, e de acordo com alguns registros, data de 4000 anos . Existem, entretanto, registros arqueológicos bem mais antigos, encontrados em cavernas na França, sob forma de pinturas do que seriam talvez os “ancestrais“ mais antigos da lira e da harpa, datadas de 15.000 AC (3). No Egito antigo, a lira e a harpa eram consideradas instrumentos sagrados, sendo utilizada nos templos e nas escolas de mistério.

A tomada de Yapu



A tomada de Yapu é um antigo relato egípcio que descreve a conquista da cidade de Jaffa pelo general Dyehuty (Djehuty) em tempos de Tutmosis III. Conserva-se uma cópia no papiro Harris 500, guardado no British Museum com a referência EA 10060.

Não se trata de uma narração histórica senão de um conto cujo telón de fundo é a campanha na Síria de Tutmosis,e o que lhe ocorreu a um comandante de tropa chamado Dyehuty que servia às ordens do faraón.



A tática usadas por Dyehuty na história evocam o episódio do Cavalo de Troya relatado na Odisea e o conto de Alí Babá e os quarenta ladrões das mil e umas noites.

Papiro Harris 500



O papiro Harris 500 é um documento do Antigo Egito, que reúne vários textos literários, entre os que se encontram os poemas de amor egípcios mais antigos. É conservado no British Museum com o número 10060.


É um papiro de princípios da XIX dinastia egípcia (durante o reinado de Seti I ou Ramsés II)[3] que se encontra muito deteriorado. Os poemas têm defeitos, como lacunas e erros cometidos pelos escribas.

 


Mede 143,5 × 20,3 cm e está escrito em hierático pelas duas caras. Ambas as partes são divididas em oito colunas.





Contém três seções com poemas de amor.

Primeiro grupo

Trata-se de oito poesias sem ilação entre elas. Quatro delas estão postas na boca de uma jovem (1, 2, 4 e 8), e o restante na de um varão (3, 5, 6 e 7). Embora o título original deste grupo não se conserve, Siegfried Schott classifica-os conjuntamente sob o título Poder do amor.

Segundo grupo

Tem oito poesias com uma introdução comum e a mesma temática, embora também independentes. O seu título é Começo dos cantos amenos para o amante, o escolhido do seu coração, quando vem desde os campos abertos, também estão em palavras de uma jovem. Também figura o Canto do harpista, embora não seja uma canção de amor.

Terceiro grupo

Tem três poemas que começam com o nome de uma flor. Os dois primeiros estão completos, mas do último apenas ficam fragmentos.



"Eis que meus dois olhos possuem toda sua força de outrora e com minhas duas orelhas eu ouço as harmonias da Ordem divina. Como Rá, eu navego no Oceano celeste. Na verdade, eu não repetirei jamais o que eu ouvi; eu não contarei a ninguém o que eu vi nos lugares dos Mistérios... Eis que me saúdam com gritos de alegria e eu percorro triunfante o Oceano celeste...!"
(Livro Sagrado dos Mortos Egípcio - Cap.CXXXIII)

sábado, 7 de julho de 2012

Poema 5 do segundo conjunto de poemas do papiro Harris 500



"Ó tu, dentre os jovens o mais belo,
vem-me o desejo de cuidar de tuas coisas
como dona de tua casa,
com o teu braço no meu braço,
servindo-te meu amor.
A meu coração peço, dentro de mim,
com o desejo de quem ama:
'Ó, que eu o tenha como esposo esta noite,
sem ele sou como alguém no túmulo!'
Não és para mim a saúde e a vida?
Meu coração procura-te
e regozija-se com o teu bem-estar."

sexta-feira, 6 de julho de 2012

terça-feira, 3 de julho de 2012



Por volta de 4.000 a.C., as pessoas batiam discos e paus uns contra os outros, utilizavam bastões de metal e cantavam. Posteriormente, nos grandes templos dos deuses, os sacerdotes treinavam coros para cantos de música ritual. Os músicos da corte cantavam e tocavam vários tipos de harpa e instrumentos de sopro e percussão.



A escrita egípcia, denominada hieroglífica foi primitivamente pictográfica, isto é, cada sinal representava um objeto. Gradativamente os antigos sinais foram substituídos por caracteres que designavam sílabas, mais tarde reduzidos a vinte e quatro símbolos que representavam sons da voz humana. Além da escrita hieroglífica, usaram os egípcios dois outros sistemas de escritas: o hierático que era uma forma cursiva para fins comerciais e o demótico, usado nos últimos períodos e que consistia numa forma mais simples e mais popular do hierático.

A literatura foi de natureza sobretudo religiosa e filosófica. As suas mais antigas manifestações são constituídas por inscrições feitas nas pirâmides e em túmulos suntuosos. Merece citação a "Canção do Harpista", repassada de ceticismo em relação à vida depois da morte e sugerindo o gozo dos prazeres mundanos. Além dos textos esculpidos nos túmulos e nas pirâmides, havia também, contos, romances e hinos religiosos. O "Diálogo de um Misantropo", é um condenação das iniqüidades e injustiças desta vida e uma exaltação da outra, verdadeira libertação de todos os infortúnios humanos.

A literatura egípcia projetou-se na literatura de outros povos. No Livro do Provérbios de Salomão, por exemplo, sente-se a influência de um livro egípcio intitulado "A Sabedoria de Amenemope", obra de fundo ético e didático.

A contribuição da civilização egípcia para idéias religiosas e éticas é transcendental. Do Nilo derivou-se uma grande parte do progresso intelectual das épocas posteriores. A filosofia, a astronomia, a matemática, a escrita e a literatura nasceram no Egito. Tal fato, por si só, já é suficiente para que se tenha uma idéia bem nítida da importância da herança que foi legada à posteridade pela velha civilização dos faraós.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dança do ventre



Acredita-se que a dança do ventre tenha sua origem há mais de 5 mil anos no Egito Antigo. Era praticada pelas altas sacerdotisas em rituais para a deusa Ísis. No Egito, a dança contava a história dos deuses, modo bem simples de transmiti-la para o povo. A dança substituía as cartas, sendo que cada movimento do corpo tinha um significado próprio.
Em meados de abril, as sacerdotisas de Bastet (deusa que representava os poderes benéficos do Sol) desciam o rio Nilo, anunciando as festividades em homenagem à Deusa. Para tanto usavam uma espécie de sino de metal, que mais tarde foi substituído pelos snujes (as castanholas árabes). Acreditava-se também que ao dançar com os snujes, a bailarina purificava o ambiente, espantando os maus espíritos.

Menat



 Eram largos e pesados colares feitos com pérolas ou contas coloridas de cerâmica, pedra dura ou metal precioso, montadas em semicírculo formando um grande crescente. A borda externa podia ou não ser guarnecida por pingentes. Eram dotados de longos contrapesos, os quais equilibravam seu peso considerável quando eram colocados no dorso do portador. Ao serem agitados nas festividades produziam o ruído característico do choque das miçangas. Esse som transmitia vida e poder, tornava as jovens mulheres fecundas, mas também favorecia o renascimento espiritual do ser no além-túmulo. É com esse objetivo que a deusa Hátor oferece um destes colares ao faraó Seti I (c. 1306 a 1290 a.C.),






Também eram empunhados e agitados principalmente pelas sacerdotisas de Hátor, sendo que as mais experientes dentre elas tocavam o crótalo com uma mão e o menat com a outra. A executante podia usar o colar no pescoço ou, levando-o nas mãos, apresentá-lo à pessoa a quem desejasse oferecer boas vibrações. Diversos estudiosos concordam que o menat simbolizava prazer e júbilo, tanto do ponto de vista da fertilidade, quanto da perspectiva da satisfação sexual. As suas fileiras de contas e o contrapeso de aparência fálica parecem combinar os princípios feminino e masculino em ação. Ele evocava a união de Ísis e Osíris na criação de Hórus e ao ser oferecido aos mortos, o instrumento permitia a revitalização deles no outro mundo. Em uma pintura tumular do Império Médio podemos ver que um grupo de dançarinas, musicistas e cantoras entrega o menat ao dono da tumba em meio a uma festa. Elas balançam o instrumento e dizem:


Para aumentar sua vitalidade, o colar de Hátor. Que ela o abençoe... Para aumentar sua vitalidade, as gargantilhas de Hátor. Que ela prolongue sua vida para o número de dias que você desejar...

Sistro



O sistro era uma espécie de chocalho, frequentemente feito de bronze, e apresentava uma cabeça de Hátor colocada no extremo de um cabo com formato de haste de papiro. No lugar dos chifres da deusa, e muito mais compridos do que eles, havia um arco metálico cruzado horizontalmente por três ou quatro pequenas hastes também de metal que atravessavam pequenos címbalos, igualmente metálicos. Cada uma das hastes era freqüentemente feita de material diferente e interpretadas como representações dos quatro elementos que formam o mundo vivo: a terra, o ar, o fogo e a água. Os sistros com apenas três hastes, como este ao lado datado do Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.), simbolizavam as três estações: cheia, semeadura e colheita. Ao se agitar o sistro, as peças soltas soavam em conjunto. Um certo grau de afinação era possível e enquanto alguns dos instrumentos produziam um som rouco enervante, outros emitiam sons descritos como "de doce fascínio". 

Anteriormente, porém, desde o Império Antigo, existia uma outra forma de sistro, menos barulhenta. Sempre com cabo em forma de papiro, apresentava um recipiente fechado e lindamente decorado com a cabeça da deusa, dentro do qual sementes produziam sons semelhantes aos de juncos de papiro agitando-se. O receptáculo costumava ter a forma de uma pequena capela representando o espaço sagrado no qual o primeiro som que criou o universo aconteceu. O relicário pode simbolizar também a casa de canas construída para abrigar Hátor quando ela deu à luz a seu filho, Ihy, um deus-criança da música. O próprio nome de Hátor significa casa de Hórus e a imagem do falcão aparece freqüentemente aninhado em cima do relicário do sistro.

A origem do instrumento parece ter sido a Núbia, onde surgiu como componente dos ritos de fertilidade locais, ou talvez tenha evoluido de um ritual arcaico que consistia em cortar brotos de papiro com caules longos, secá-los, segurá-los em forma de arco e sacudi-los rítmicamente para abrir o coração da pessoa à deusa Hátor. Os brotos de papiro secos contêm um certo número de sementes soltas que produzem um som sibilante musical quando são chacoalhadas. A palavra egípcia seshesh, que significa sussurrar, deu origem ao nome egípcio do instrumento, seshest, onomatopaico, lembrando uma das mais protetoras e antigas deusas do Egito, a deusa-naja Wadjit, que se acreditava pudesse ser chamada sussurrando sons e encantada através de música rítmica. Alguns dos sistros mais antigos apresentam hastes na forma de serpentes, reminiscência dos velhos rituais de colheita.


Agitando-se o sistro pelo cabo produzia-se um som agudo e prolongado muito apropriado para acompanhar ou ritmar o canto. Acreditava-se que ele tivesse virtudes de apaziguamento, aliviasse as mulheres no parto, afastasse os malefícios e abrandasse os modos das pessoas. Eram sempre tocados em momentos de alto significado religioso como, por exemplo, quando chegavam os que estavam de luto, quando o faraó e a rainha apareciam, quando as cantoras começavam a cantar. As sacerdotisas de Hátor e as de Bastet costumavam agitá-los como parte dos rituais que realizavam e, ao que parece, supunha-se que eles estimulavam a fecundidade. A própria forma do instrumento tinha conotações com a junção das energias masculina e feminina: sua parte superior continha as sementes ou címbalos, simbolizando o ventre da mulher e o cabo alongado simbolizava o falo do homem. Quando se manifestava sob a forma da deusa Nebethetepet, conhecida como Senhora da Vulva, Hátor era representada como um sistro com o desenho de um relicário incorporado nele.

Crótalos



Os crótalos eram formados por duas placas iguais, geralmente de marfim ou de madeira, apresentando um formato curvo como se fossem aspas. Batendo-se as duas metades entre si produzia-se o som. Costumavam ter um desenho entalhado nelas como, por exemplo, mãos, um relicário, uma cabeça de mulher ou, mais comumente, a cabeça de Hátor. Pares de diferentes formas e tamanhos foram encontrados em diversos sítios arqueológicos egípcios. Os que apresentavam formato de mãos parece que estavam relacionados com Hátor no seu papel de mão do deus, ou seja, a mão de Atum, o qual, segundo o mito heliopolitano sobre os primórdios da criação, havia gerado Shu e Tefnut se masturbando. Acima vemos um destes instrumentos, de marfim, exposto no Museu Britânico de Londres. Clique aqui para ampliar a figura. Um modelo de origem não egípcia, provavelmente oriúndo da Fenícia, tinha o formato de uma pequena bota de madeira cortada pela metade no sentido longitudinal e sulcada na parte correspondente à perna, enquanto que a parte cônica correspondente ao pé servia como cabo. Alguns modelos de tamanho pequeno ficavam escondidos na palma das mãos dos músicos, de maneira que não podem ser percebidos nas ilustrações. Acredita-se que nos relevos nos quais a mão do dançarino aparece como um punho, provavelmente isso significa que ele está segurando esse crótalo menor, correspondente às nossas atuais castanholas.

Lutes


Lutes, semelhante ao bandolim, fez sua aparição no Egito durante o Novo Reino . Ganhou popularidade no Oriente Médio no início do segundo milénio aC. Embora com ampla aceitação no Egito, seu uso foi totalmente abandonado durante a época helenística, apenas para reaparecer mais uma vez depois da invasão muçulmana do Egito em meados do século VII dC.
 Lutes eram normalmente feitas com um corpo oval ressonância feita de madeira e, talvez, parcialmente coberta com couro e parcialmente por uma fina folha de madeira com uma abertura para liberar o som.


O rei Ahmose possuía uma harpa feita de ébano, ouro e prata , enquanto Tutmés III encomendou "uma harpa  feita com ouro, prata, lápis-lazúli, malaquita e pedra "


A importância da música no Antigo Egito está ligada à deusa Merit, encarregada de manter a ordem do Universo por meio da música. Embora a voz fosse relevante, o papel primordial era atribuído aos instrumentos musicais. Conservaram-se inúmeras representações dos instrumentos, e até alguns deles.
As primeiras representações da vida musical do Antigo Egito são baixos-relevos da época do Antigo Império. Havia instumentos de sopro como clarinetes, flautas duplas, flautas simples e trompetes, confeccionadas de cana, madeira ou metal. Havia também tambores compridos percutidos com batões, harpa, tocada apoiada no chão, além de pandeiros e castanholas, que serviam para marcar o ritmo. No final desse período foram introduzidos a lira pelos beduínos e o aboé, originário da Mesopotâmia.
A música era tocada nos trabalhos do campo, nas paradas militares, nas procissões religiosas e nos banquetes, quandos eram executados cantos e danças.

Harpa



Segundo uma lenda, a harpa foi inventada pelo povo egipcio para tocar as melodias que agradavam seus deuses.

A harpa, juntamente com a flauta, é um dos instrumentos mais antigos. Teria se originado dos arcos de caça que faziam barulho ao roçarem na corda. Ela é sempre triangular, lembrando um arco de caça. Tem-se conhecimento através de fábulas épicas, poesias e trabalhos de arte, que as harpas existiam séculos antes de Cristo, na Babilônia e Mesopotâmia. Foram encontrados desenhos de harpas na tumba do Faraó Egípcio Ramsés III (1198-1166 a.C.), em esculturas da Grécia antiga, em cavernas do Iraque que datam desde 2900 a.C. e textos religiosos judaico-cristãos afirmam que a harpa e a flauta existiam antes mesmo do Dilúvio. A harpa é constituída pelo corpo, pedais e cordas

sábado, 30 de junho de 2012

Ensinamentos de Amenemope



Os  ensinamentos de Amenemope , traduzidos para o hebraico, determinaram a filosofia do
Livro de Provérbios do Antigo Testamento. Traduzidos para o grego, eles deram
cor a toda a filosofia religiosa helênica subseqüente. O filósofo alexandrino
Filo, de dias posteriores, possuía uma cópia do Livro da Sabedoria.
Amenemope trabalhou para conservar a ética da evolução e a moral da
revelação e, nos seus escritos, passou-as tanto aos hebreus quanto aos gregos. Ele não foi o
maior dos mestres religiosos dessa época, mas foi o mais influente, no sentido
de colorir posteriormente o pensamento de dois elos vitais para o crescimento da
civilização ocidental ? os hebreus, entre os quais a fé religiosa ocidental
desenvolveu-se até o seu apogeu, e os gregos, que desenvolveram o pensamento
filosófico puro, que atingiu o seu mais alto ápice na Europa.
No Livro dos Provérbios hebreu, os capítulos quinze, dezessete, vinte e, ainda,
o capítulo vinte e dois, do versículo dezessete, até o capítulo vinte e quatro, versículo vinte e dois, são tirados, quase palavra por palavra do Livro da Sabedoria de Amenemope. O primeiro salmo do Livro dos Salmos hebreu foi escrito por Amenemope e é o âmago dos ensinamentos de Iknaton.


Em verdade o homem é argila e palha
e Deus é o seu arquiteto.
Aborrece-se Deus do falsificador de palavras e abomina o hipócrita.
Não separes teu coração de tua língua
para que sejam próspero  todos os teus caminhos.
Melhor é ser pobre nas mãos de Deus
que possuir riquezas no celeiro.


Amenemope

Música Para Meditar ☥ Egipto☥

quarta-feira, 27 de junho de 2012



De que vale estar ricamente vestido, se alguém se comporta como um fraudador diante de Deus? A faiança disfarçada em ouro se torna chumbo quando a luz nela bate.

Não construas um barco pensando unicamente em dele tirar proveito. Pede o preço da passagem ao rico e faz passar gratuitamente o pobre.

Não dissocies teu coração de tua língua. Assim todas as tuas empresas chegarão a bom termo

Mantém a firmeza de coração. Fortalece-o. Não conduzas o navio com tua língua. Embora a língua do homem possa tornar-se o leme do barco, é o senhor da totalidade que deve ser seu piloto.

(Amenemope - 984 a.C.) 

Amenemope


Amenemope foi o quarto faraó da XXI dinastia. Governou o Egipto durante o Terceiro Período Intermediário entre 993 e 984 a.C..

Pensa-se que seria filho de Psusennes I, o seu antecessor. A sua mãe teria sido a rainha Mutnedjemet.

Embora fosse faraó, assumiu o título de sumo sacerdote de Amon, o que seria uma tentativa de evitar a influência sacerdotal no estado.

Foi sepultado num pequeno túmulo em Tânis, mas mais tarde a sua múmia foi movida pelo faraó Siamon para um túmulo mais digno, originalmente pensado para a rainha Mutnedjemet. A sua múmia foi encontrada num caixão de madeira colocado num sarcófago de quartzito amarelo.

terça-feira, 26 de junho de 2012

O Silêncio



O irriquieto no templo
se assemelha a uma árvore
crescendo em lugar fechado.
O brotar de seus ramos
não dura mais que um breve instante,
e termina nas mãos do lenhador.
É transportada por mar para longe
de seu devido lugar,
e a chama é sua mortalha.
O verdadeiro silencioso,
que se mantém de lado,
se assemelha a uma árvore crescida em campo aberto.
Ele floresce,
dobra a sua produção
e se ergue diante de seu mestre.
Seus frutos são doces,
sua sombra deliciosa.
Ele vai até o fim
dentro de seu próprio jardim.

Amenemope 

Eu subi como uma andorinha
E voei como um falcão.
Eu fui levado em direção ao lugar em que se encontra a justiça, E voei em direção aos bem-aventurados em forma de andorinha.
As andorinhas são as estrelas imperecíveis
Que dão ao Faraó a árvore da vida de que elas vivem.
(Texto das pirâmides 1770a, Texto dos sarcófagos, cap. 205)

As estrelas



Eu subirei ao espaço luminoso,

Eu atravessarei o espírito da Terrra,
Eu caminharei na Luz
Eu atingirei a Estrela
(Texto dos Sarcófagos, capítulo 545)

Possa tu subir,

Possas tu te elevar em direção ao céu sob a forma de uma grande estrela que está no meio do Oriente. (Textos das Pirâmides)

Tu és, sem dúvida, esta estrela posta no mundo pelo Ocidente e não hás de perecer


(Texto dos sarcófagos)