quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Meretseger



Meretseger - A Deusa Que Gosta do Silêncio! 
Como todos os deuses do Antigo Egito, repleta de metáforas e dos mais altos simbolismos - mistérios somente compreensíveis e ao alcance dos mais Altos Iniciados.
Poucos sabem, mas Meretseger, também conhecida como a sacrossanta Deusa do Ocidente (ou "a terra dos mortos" para os egípcios) era a contraparte do deus chacal Anúbis, o guardião das tumbas e, por sua vez, igualmente a protetora da Necrópole. Encimando as tumbas do Vale dos Reis, local de repouso dos faraós, existe essa pequena pirâmide, cuja guardiã era justamente ela, a Deusa Que Gosta do Silêncio - a poderosa Meretseger!

E muito embora ignorado pela Arqueologia, existe ali um santuário - um oratório, dedicado a Meretseger, a Dama do Silêncio!

Lendas do antigo Egito



Vede que míseras as esperanças humanas ante a ordem do mundo, vede que míseras são elas, ante as sentenças escritas no céu em signos de fogo pelo Sempiterno!...

O centenário Ramsés, poderoso senhor do Egito, agonizava. Sobre o peito do soberano, a cuja voz milhões tremeram por meio século, abateu-se um sufocante fantasma e bebia-lhe o sangue do coração, a força do braço e por instantes até a lucidez do cérebro. Jazia o grande faraó, como um cedro derrubado, na pele de um tigre da Índia, com as pernas cobertas pelo manto triunfal do rei dos etíopes. E severo mesmo consigo próprio, chamou o mais sábio dos médicos do templo em Karnak e disse:


– Sei que conheces remédios potentes, capazes ou de matar, ou de curar de uma vez. Avia-me um deles, adequado a minha enfermidade, e que afinal tudo venha a termo... quer de um modo, quer de outro.

O médico hesitou.

– Pensa, Ramsés – murmurou – que desde o dia em que desceste dos altos céus o Nilo já teve cem cheias; acaso posso dar-te um remédio que fora incerto até para o mais jovem de teus guerreiros?

Ramsés quase põe-se sentado no leito.


– Devo estar deveras enfermo – clamou – para que tu, sacerdote, te atrevas a aconselhar-me! Cala e cumpre o que ordenei. Vive seu trigésimo ano de vida meu neto e sucessor, Horus. E o Egito não pode ter um senhor incapaz de montar sua carruagem e de erguer sua lança.

Quando o sacerdote estendeu-lhe na mão trêmula o terrível remédio, Ramsés bebeu-o tal como o sedento bebe um caneco com água; depois chamou ao pé de si o mais célebre astrólogo de Tebas e ordenou que declarasse sinceramente o que mostravam as estrelas.

– Saturno entrou em conjunção com a lua – respondeu o sábio – o que augura a morte de um membro de tua dinastia, ó Ramsés. Fizeste mal em beber hoje o remédio, porque são debalde os planos dos homens em face das sentenças escritas no céu pelo Sempiterno.

– É natural que as estrelas hajam anunciado minha morte – retrucou Ramsés. – E quando isto há de suceder? – voltou-se para o médico.


– Antes de nascer o sol, ó Ramsés, ou estarás sadio como um rinoceronte, ou teu sagrado anel haverá de achar-se na mão de Horus.

– Levai – disse Ramsés em voz já mais baixa – Horus ao salão dos faraós; que espere lá minhas últimas palavras e o anel, para que não haja interrupção no exercício do poder.

Horus chorou (tinha o coração repleto de piedade) a morte iminente do avô; mas como não podia haver interrupção no exercício do poder, encaminhou-se ao salão dos faraós, cercado por numerosa grei de criados.


Sentou-se na sacada cuja escadaria de mármore levava até embaixo, no rio, e cheio de indefinidas tristezas quedou-se a fitar os arredores.

Naquele exato momento a lua, junto da qual brilhava o astro funesto de Saturno, dourou as águas do Nilo, nos campos e jardins pintou as sombras das gigantescas pirâmides e algumas milhas em torno iluminou todo o vale. Embora fosse tarde da noite, nas choças e edifícios ardiam lâmpadas, sob o céu aberto o povo saíra das casas. Pelo Nilo deslizavam barcos, muitos, como em dia de festa; nos bosques de palmeiras, às margens da água, nos mercados, nas ruas e nas cercanias do palácio de Ramsés ondulava uma incontável multidão. E não obstante isso era tamanho o silêncio que até Horus adejava pelo ar o sussurro dos juncos e o uivo queixoso das hienas à cata de alimento.


– Por que se juntam assim? – interrogou Horus um dos cortesãos, apontando a imensa extensão semeada de cabeças humanas.

– Querem saudar em ti, senhor, o novo faraó e ouvir de tua boca sobre as benesses que lhes destinarás.

Neste momento pela primeira vez golpeou o coração do príncipe o orgulho da grandeza, tal como golpeia a escarpada orla o mar que avança sobre ela.

– E aquelas luzes, que significam? – indagou ainda Horus.

– Os sacerdotes foram à tumba de tua mãe, Zéfora, para trazer seus restos mortais às catacumbas do faraó.

No coração de Horus despertou de novo o pesar pela mãe, cujos restos – em razão da misericórdia que demonstrou pelos escravos – o severo Ramsés mandou sepultar entre a escravaria.


– Ouço o relinchar de um cavalo – disse Horus escutando. – Quem sai a esta hora?

– O chanceler, senhor, ordenou enviar mensageiros em busca de teu mestre, Iétron.

Horus suspirou à lembrança do querido amigo, a quem Ramsés exilou do país por haver inculcado na alma do neto repulsa pelas guerras e piedade para com o povo oprimido.

– E aquela pequenina luz para além do Nilo?...

– Com aquela luz – ó Horus! – respondeu o cortesão – saúda-te confinada no claustro a fiel Berenice. O sumo sacerdote já mandou até ela a embarcação do faraó; e quando o sagrado anel fulgir em tua mão haverão de abrir-se as pesadas portas do claustro e haverá ela de retornar a ti, saudosa e amorosa.

Ao ouvir tais palavras Horus já não perguntou nada; calou-se e cobriu os olhos com a mão.

De súbito gemeu de dor.

– Que tens, Horus?


– Uma abelha mordeu-me a perna – respondeu o príncipe empalidecido.

O cortesão, sob a luz esverdeada da lua, examinou-lhe a perna.

– Agradece a Osíris – disse – por não ter sido uma aranha, cujo veneno a esta hora sói ser fatal.

Oh! Que míseras as esperanças humanas ante as sentenças irrevogáveis...

Neste ínterim entrou o comandante dos exércitos e, inclinando-se perante Horus, disse:

– O grande Ramsés, sentindo que o corpo se lhe arrefece, enviou-me a ti com a ordem: “Vai até Horus, porque não demorarei neste mundo, e cumpre sua vontade como cumpriste a minha. Ainda que te ordene entregar o alto Egito aos etíopes e celebrar com tais inimigos fraterna aliança, faze-o tão logo vejas meu anel em sua mão, porque pela boca dos soberanos fala o imortal Osíris.”

– Não entregarei o Egito aos etíopes – disse o príncipe – mas celebrarei a paz, porque me compadeço do sangue de meu povo; escreve já o édito e tem à mão mensageiros montados, para que ao queimar dos primeiros fogos em minha honra ponham-se a caminho do sol do sul e portem consigo essa graça aos etíopes. E escreve ainda um segundo édito, para que desta hora até o fim os tempos não se arranque mais à boca de nenhum refém sua língua em campo de batalha. Assim o disse...

O comandante quedou-se de rosto voltado para o chão e depois recuou para escrever as ordens; o príncipe, por sua vez, instou para que o cortesão lhe examinasse de novo a ferida, pois doía muito.


– Sua perna inchou um pouco, ó Horus – disse o cortesão. O que não sucederia se ao invés de uma abelha uma aranha te mordesse!...

Entrou então no salão o chanceler do reino e, após inclinar-se perante o príncipe, disse:

– O poderoso Ramsés, vendo que sua vista já se eclipsa, enviou-me a ti com a ordem: “Vai até Horus e cumpre cegamente sua vontade. Ainda que te ordene livrar dos grilhões os escravos e agraciar o povo com toda a terra, hás de empreendê-lo quando avistares em sua mão meu sagrado anel, pois pela boca dos soberanos fala o imortal Osíris.”

– Tão longe não vai meu coração – afirmou Horus. – Mas redige de pronto um édito que diminua pela metade o foro e os tributos pagos pelo povo e que os escravos tenham três dias livres de trabalho durante a semana e só sejam surrados a vara no lombo havendo decisão em juízo. E redige ainda um édito revogando o exílio de meu mestre, Iétron, que é o mais sábio e o mais nobre dos egípcios. Assim o disse...


O chanceler quedou-se de rosto para o chão, mas antes mesmo que saísse para redigir os éditos requeridos, entrou o sumo sacerdote.

– Ó Horus – disse – a qualquer instante o grande Ramsés há de partir para o reino das sombras e seu coração há de ser pesado na infalível balança de Osíris. Quando porém o sagrado anel dos faraós fulgir em tua mão, ordena e ouvir-te-ei, ainda que devas derrubar o maravilhoso templo de Amon, porque pela boca dos soberanos fala o imortal Osíris.

– Não hei de derrubar – retrucou Horus – mas sim erguer novos templos e aumentar os recursos da casta sacerdotal. Exijo apenas que redijas um édito determinando o solene traslado dos restos de minha mãe, Zéfora, às catacumbas e um segundo... ordenando a libertação de minha amada Berenice de seu confinamento no claustro. Assim o disse...

– Sabiamente principias – treplicou o sumo sacerdote. – Tudo já está preparado para o cumprimento de tuas ordens e logo redigirei os éditos; quando os tocares com o anel dos faraós, acenderei esta lâmpada a fim de que anuncie ao povo tuas graças e, a tua Berenice, o amor e a liberdade.

Entrou o mais sábio médico de Karnak.

– Ó Horus – disse – não me estranha tua palidez, pois Ramsés, teu avô, agoniza. Não pôde suportar a potência do remédio, que não lhe queria dar, esse soberano dos soberanos. Ficou junto dele apenas o substituto do sumo sacerdote, pois quando vier a falecer há de tirar-lhe o anel da mão e entregá-lo a ti em sinal de ilimitado poder. Mas tu empalideces inda mais, ó Horus?... – acrescentou.


– Examina minha perna – gemeu Horus e caiu na cadeira dourada de braços esculpidos na forma de cabeças de gavião.

O médico ajoelhou-se, examinou a perna e recuou assustado.

– Ó Horus – sussurrou – mordeu-te uma aranha muito venenosa.

– Pois haverei eu de morrer?... em tal momento?... – murmurou, com uma voz quase inaudível, Horus.

E em seguida acrescentou:

– Pode dar-se em breve?... diz a verdade...


– Antes que a lua se oculte por trás desta palmeira...

– Oh não!... E Ramsés há de viver muito ainda?...

– Como hei de saber?... Talvez já te tragam seu anel.

Neste instante entraram os ministros com os éditos concluídos.

– Chanceler! – clamou Horus tomando-o pelo braço. – Se eu morresse agora cumpriríeis minhas ordens?...

– Vive, ó Horus, a idade de teu avô! – respondeu o chanceler. Mas ainda que venhas a achar-te logo depois dele ante o juízo de Osíris, cada édito teu há de ser executado, contanto que o toques com o sagrado anel dos faraós.


– O anel! – repetiu Horus. – Mas onde ele está?...

– Um dos cortesãos disse-me – murmurou o comandante – que o grande Ramsés já exala o último alento.

– Mandei avisar meu substituto – juntou o sumo sacerdote – que imediatamente, assim que o coração de Ramsés cesse de bater, tire-lhe o anel.

– Eu agradeço-vos! – disse Horus. – Como lastimo... ah, como lastimo... Mas enfim, não hei de morrer de todo... Restarão depois de mim as bênçãos, a paz, a felicidade do povo e... minha Berenice reaverá a liberdade... Falta muito ainda?... – perguntou ao médico.

– Tua morte está a mil passos de marcha de um soldado – respondeu com tristeza o médico.


– Não escutais se alguém vem lá?... – interrogou Horus.

Silêncio.

A lua aproximava-se da palmeira e já lhe tocava as primeiras folhas; a fina areia sibilava baixinho nas clepsidras.

– Muito ainda?... – murmurou Horus.

– Oitocentos passos – retrucou o médico – não sei, ó Horus, se conseguirás tocar todos os éditos com o sagrado anel, mesmo que o tragam agora mesmo...

– Dai-me os éditos – disse o príncipe tentando ouvir se alguém não corria dos aposentos de Ramsés. – E tu, sacerdote – disse voltando-se para o médico – diz quanto me resta de vida para que eu possa ratificar ao menos as ordens que me são mais caras.


– Seiscentos passos – murmurou o médico.

O édito de diminuição dos tributos do povo e do trabalho dos escravos caiu das mãos de Horus.

– Quinhentos...

O édito de paz com os etíopes deslizou dos joelhos do príncipe.

– Não vem ninguém?...

– Quatrocentos... – respondeu o médico.

Horus refletiu e... quedou por terra o édito do traslado dos restos de Zéfora.

– Trezentos...


O mesmo destino teve o édito de revogação do exílio de Iétron.

– Duzentos...

Os lábios de Horus arroxearam. Com a mão contraída lançou ao chão o édito que proibia arrancar a língua dos reféns reduzidos a cativeiro e restou apenas... a ordem de libertação de Berenice.

– Cem...

Em meio ao silêncio sepulcral ouviram-se passos de sandálias. Entrou correndo no salão o substituto de sumo sacerdote. Horus estendeu a mão.

– Prodígio!... exclamou o recém-chegado. – O grande Ramsés recobrou a saúde... Ergueu-se vigoroso do leito e ao nascer do sol deseja caçar leões... A ti, entretanto, Horus, como sinal de boas graças, convoca-te a acompanhá-lo...


Horus lançou o olhar que se extinguia para além do Nilo, onde cintilava a luz na prisão de Berenice, e duas lágrimas, sangrentas lágrimas, correram-lhe pelo rosto.

– Não respondes, ó Horus?... – indagou admirado o mensageiro de Ramsés.
– Não vês tu que está morto?... – murmurou o mais sábio médico de Karnak.

Vede que míseras são as esperanças humanas ante as sentenças escritas pelo Sempiterno em signos de fogo no céu.

Abelha



A abelha sempre foi símbolo da realeza. No Antigo Egito dizia-se que esse inseto havia sido gerado a partir das lágrimas de Rá, o deus-sol egípcio. Esta intrigante cultura também embalsamava seus mortos com este fluido universal.  Os sumérios, considerados como a primeira civilização, foram os que pela primeira vez desenharam a abelha e sua dança como algo sagrado.




A 350 a.C. o desenho da abelha foi consagrado como símbolo do Rei. Uma imaginação de um Rei da comunidade das abelhas (na verdade a Rainha). O vestígio que comprova a criação das abelhas está no templo da 5º era dos Faraós (2.500 a.C.). Utilizavam como colméia uma cesta. Também há registro de colméia feita de barro e utilizavam fumaça (queimando esterco de boi), espantando as abelhas para a coleta do mel. Há registro de que a coleta de mel nas margens do rio Nilo, utilizando jangada para subir e descer o rio, continuou até o final do século XVIII.

sábado, 8 de setembro de 2012

A flauta Nay



Também conhecida como Nai, Nye, Nay, Gagri Tuiduk, ou Karghy Tuiduk é o único instrumento de sopro utilizado na musica Árabe. 
Ela é composta de seis furos para os dedos, um furo para o dedão localizado na parte de baixo da flauta e sua embocadura é parecida com a da Quena.
O uso das flautas Nay pelos Egípcios datam de muitos mil anos AC e podem ser vistos desenhos de músicos tocando a Nay dentro das Pirâmides, isso a torna um dos instrumentos mais antigos ainda em uso.
Seu nome deriva da palavra Persa (Ney), que designa um tipo de Bambu encontrado na região mediterrânea.
O desenvolvimento da flauta Nay esta intimamente ligada à cultura Islâmica, onde além de um instrumento popular também é considerada e usada como um sério e sagrado instrumento ritualístico, isso é muito expressivo, pois ela é usada não só no dia a dia, mas também na musica clássica, em rituais de busca por inspirações místicas dos Dervishes, Sufís e iniciantes de varias ramificações Islâmicas incluindo Dervishes de danças circulares da Turquia.
Os Sufis e Desvishes na Turquia e Iran usam o som da Nay para induzir estados de êxtase desde o século 11.